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- Gestão Participativa 

Aha! Agora entendi porque o Gumercindo (Guma, para os amigos mais íntimos) comunicava numa roda de empresários, do alto de sua santa ignorância e de forma eufórica, a implantação do modelo de gestão participativa em sua empresa do ramo de construção. Ao perceber o entusiasmo de Guma, Antenor, empresário muito receptivo a novas idéias, quis saber detalhes acerca da inovação. De forma ingênua e até surpreendente, assim se manifestou Gumercindo:

- “a grande mudança está em que, de um mês para cá, estou tomando as decisões e participando aos empregados de minha organização. Afinal, todos têm que estar muito bem informados!” Pelo jeito, coitado do Guma, parece estar construindo uma turma de alienados!

Esse intróito serve de reflexão para um dos assuntos mais imPACtantes expostos pela mídia nos últimos dias: a apresentação do Programa de Aceleração do Crescimento por parte do Governo Federal. A propósito, merecem ser recordados pequenos pontos, pela sensibilidade demonstrada pela autora, da coluna de Míriam Leitão apresentada pela Agência Globo, em 25/01/2007, e reproduzida pelo jornal Gazeta do Povo:

a) PAC mal apresentado e mal explicado;
b) o Planalto deveria ter mostrado mais deferência, fazendo reuniões prévias, por exemplo;
c) tiveram (referindo-se, principalmente, aos governadores) de ficar sentadinhos, como alunos na escola, vendo o governo fazer seu show.

Aproveitou também o espaço para fazer algumas críticas, sob o título de “Erros nada Originais”, acerca das implicações econômicas do citado Programa.

Todavia, a abordagem que trago a sua reflexão, seja gestor ou não, é com relação ao padrão de gestão adotado pelo Governo Central. Para tanto, procuro associar as três iniciais do instrumento (PAC) ao som produzido pela “batida de martelo”, o que me faz desdobrar em três estágios:

Martelada 1(PAC!) - Planejamento Alta Cúpula
Se não bastassem as inúmeras experiências desastrosas que temos presenciado em empresas públicas e privadas, jamais se pode admitir que “profissionais” que trabalham para o Governo ainda incorram em erro dessa magnitude, ou seja, dicotomizar o processo de planejamento, por meio da concepção de um Programa que irá exigir a participação, o envolvimento e o comprometimento de parcela significativa de atores sociais (sociedade brasileira, empresários, prefeitos, governadores e políticos) separando, no primeiro momento, os “iluminados” – aqueles que constituem a “equipe dos que pensam” - daqueles “carregadores de piano” – os que pertencem ao “grupo dos que executam”. Sinceramente, é inadmissível que ainda existam pessoas que desconhecem o princípio basilar dessa função tão importante, que é: PLANEJAMENTO É COMPROMISSO DE TODOS EM QUALQUER ORGANIZAÇÃO. Dessa forma, o sucesso ou fracasso de qualquer ação depende da atitude que se empreende já em sua concepção.

Martelada 2(PAC!)–Processo Altamente Comprometedor
Merece algumas explicações: primeiro, porque não se consegue o comprometimento de pessoas por meio de decreto. Comprometimento implica adesão individual e não efeito de ação impositiva, isto é, compreende um processo de dentro para fora, ao contrário do que muitos pensam tratar-se de movimento de fora para dentro. Segundo, e aí concordo plenamente com a colunista citada, que os governadores, principalmente, deveriam ter sido escutados antes de terem sido tratados como simples ouvintes passivos. Terceiro, o tempo longo na exposição das idéias só favoreceu a sedimentação de resistências, que ficou bem evidente nas críticas de empresários, funcionalismo público, parlamentares da oposição e, inclusive, da base governista, sem falar na manchete do jornal Folha de São Paulo, de 26.01.2007, que dizia: “ O PROGRAMA DO LULA ....”. Afinal, é só do Lula ou deve ser assumido por todos os agentes implicados?

Martelada 3(PAC!)–Participação, Aprendizagem, Comprometimento
Lembram-se do Guma? Pois bem, aqui fica meu entendimento com relação à maneira mais eficaz e efetiva da batida do martelo, que representaria fator de ganho para todos, na medida em que cada um definisse sua parcela de responsabilidade em benefício do êxito dos projetos a serem executados. Assim, teríamos:

a) participar é, realmente, ter capacidade de decidir e fazer. Está-se falando de participação ativa, oportunidade em que cada um se sente como partícipe do processo de construção, o que significa exercício de cidadania – aspecto que vem sendo muito batido pelo próprio presidente em seus discursos;

b) não tenho dúvida de que o Governo deixou de aproveitar uma boa oportunidade para romper um velho paradigma, o de que “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Seria o momento de transformar a relação de dependência (assimetria do poder) numa de interdependência (simetria nas relações de poder, exercitando o equilíbrio de forças). Só assim, com atitude mais despojada, estaria o Governo dando o salto qualitativo, em termos de aprendizagem relacional, de que tanto o País necessita para a busca de novo estágio de desenvolvimento. Ademais, estaria também servindo de modelo para os demais setores da vida nacional;

c) como corolário, dentro de um processo natural de participação ativa e aprendizagem, desponta o comprometimento como a força interior que move o indivíduo a lutar pela conquista daquilo que ele ajudou a construir.

Seja no âmbito da empresa de construção do Guma, seja na esfera do Governo Federal, muito ainda se tem que caminhar (aprender). Creio até que se tem conhecimento acerca do processo mais adequado, carecendo, todavia, de um pouco mais de habilidade para se conseguir a sinergia tão esperada e, principalmente, de uma revisão dos valores praticados no dia-a-dia. Com isso, ou seja, com essa mudança afetiva (atitudinal), penso que se terá condições de acelerar o nosso desenvolvimento (e não crescimento).

Alberto Lopes da Rocha
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