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- A invasão dos "QUASE" 

Hoje fui dar um passeio em uma praça aqui de Curitiba. Sentei-me num banco e passei a observar a relação de um pai com seu filho que se esforçava para subir num dos brinquedos. O esforço do menino era sempre recompensado com o incentivo e ajuda do pai, até que num dado momento ele caiu e resolveu desistir. O pai orgulhoso dirigiu-se ao menino, suponho com a intenção de incentivá-lo a tentar mais tarde, e pronunciou: você “quase conseguiu”! O menino abraçou o pai e respondeu: Então “quase” e nada são a mesma coisa?

Fiquei analisando e refletindo sobre a quantidade de vezes nas nossas vidas pessoais e profissionais onde os “quases” predominam. Lá na minha infância, por exemplo, por ser um menino franzino e doentio, vivia à base remédios injetáveis – as famosas injeções. Minha tia que as aplicava sempre dizia que iria doer “quase” nada. E invariavelmente eu respondia com um palavrão. Doía muito. Outra vez fui ao estádio de futebol assistir um jogo de meu time preferido e saí de lá triste. No ônibus de volta para casa outros dois torcedores comentavam “quase” ganhamos. Gostava muito de viajar de automóvel com meus pais, entretanto, irritava-me quando em resposta à minha pergunta se faltava muito para chegarmos – minha mãe dizia: estamos “quase” lá! Faltava sempre um bom tanto de estrada.

Hoje no mundo corporativo vejo com alguma tristeza que alguns hábitos – a invasão dos “quases” - ainda perdura e coloca em risco o conceito e a imagem de muitas empresas e de bons profissionais.

Algumas frases que infestam o nosso dia e muitas vezes são incompreendidas por outras culturas e povos tais como (você pode pensar em mais dezenas delas):
- A reunião começou quase na hora! (Explicando que estamos atrasados mesmo).
- Quase atingimos os objetivos. (Não atingimos coisa nenhuma, chegamos perto. Será?).
- O preço é quase nada! (invariavelmente para mostrar que é muito caro!).

Habitam nosso dia – a – dia e respondem muitas vezes por mais uma justificativa sem conteúdo e sem quantificação. Não explicam e até atrapalham. Seria mais interessante se pudéssemos dizer: Não atingimos o resultado. Começamos atrasados. Vai doer. É um preço justo... e assim por diante.

Imagino o quanto é difícil ouvir de um médico um “quase” conseguimos salvar-lhe a vida ou de um engenheiro que os cálculos da estrutura da ponte estavam “quase” corretos. Tem também aquele palestrante que depois de falar duas horas ininterruptas, olha o relógio e exclama que está “quase” terminando;... continua por mais uma hora.

O vocábulo “quase” é um advérbio que significa: perto, aproximadamente ou pouco menos. Mas de tão indefinido que é não dá uma medida de comparação. Afinal cada pessoa pode interpretar segundo uma base de valores diferente, aleatória e desconhecida. O uso excessivo dos “quases”, em minha opinião, causa tantos danos quanto o do gerúndio.

Aliás, tempos atrás surgiram manifestos contra o uso exagerado do gerúndio. Uma prefeitura, se não falha a minha memória, proibiu-o por lei. Não será a hora de solicitarmos o uso moderado dos “quases”? Colocarmos somente em situações onde tenhamos reais dificuldades de quantificar ou esclarecer?

Organizações e profissionais que procuram não exagerar no uso dos “quases” podem ganhar muito em sua análise das causas e efeitos e provavelmente aprender maneiras diferentes e elegantes de explicar as conseqüências. Ao se evitar o “quase” poderemos trazer informações e dados que permita resolver problemas, atingir resultados futuros, corrigir ações etc.

Proponho o combate ao exagero dos “quases”! É quase isso que penso (ops!)

Armando Ribeiro



 

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