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Avaliação de Desempenho da MadaLena |
Antes
de iniciar a leitura desta nova história de MadaLena,
sugiro ao leitor, para sua melhor compreensão, retornar
para a página inicial da MadaLena e ler o artigo
“A Incrível MadaLena
e os 5s”.
MadaLena teve pela frente uma missão difícil.
Junto com seis representantes do RH, mais três Gerentes,
participou de uma comissão que iria propor e implantar
um sistema de avaliação de desempenho para
os servidores públicos daquela Organização.
Tratava-se de uma convocação do Diretor, não
um convite. Dez pessoas teriam que, num prazo de 90 dias,
definir qual a melhor forma de avaliar o desempenho dos
servidores, propor e acompanhar a implantação
do sistema em toda a Organização.
Na primeira reunião, uma quinta-feira, 16 horas,
todos que entravam na sala do Diretor, cumprimentavam-se
com um aceno discreto e um sorriso amarelo. MadaLena, ao
contrário, entrou cumprimentando com indisfarçável
entusiasmo. Demonstrou a todos que estava muito feliz por
estar ali.
O Diretor começou sua explicação do
porque todos ali estavam, as razões da convocação,
a necessidade da organização, pública
ou privada, ter um sistema de avaliação de
desempenho. Resumindo, ficou falando por mais ou menos 20
minutos.
O primeiro passo seria a escolha de um Coordenador da Comissão.
O Diretor propôs que a escolha deveria recair sobre
um dos quatro Gerentes que não pertenciam ao RH e
que deveria ser feita por voto secreto.
Adivinhem quem foi escolhida por unanimidade? Sim, a MadaLena.
Emocionada e um pouco constrangida, agradeceu o apoio dos
colegas e do Diretor. E iniciou naquele momento a sua Coordenação.
Uma breve explicação deve ser feita neste
momento. A organização pública na qual
MadaLena trabalha, já havia tentado por pelos três
vezes implantar um sistema de avaliação de
desempenho e tinha fracassado em todas elas. Utilizando
metodologias ultrapassadas ou inadequadas, a avaliação
nunca foi apoiada pelos funcionários, gerentes e
diretores, mesmo que como resultado estivesse sendo apresentada
uma melhoria financeira salarial. Faltava comprometimento
de uma forma geral. O Sindicato dos funcionários
por sua vez, sempre deflagrava campanhas muito bem articuladas
contra qualquer sistema que fosse usado para “medir”
desempenho.
MadaLena tinha vivenciado tudo isso e sabia muito bem das
dificuldades que aquela Comissão iria enfrentar.
Aliás, ela sabia que as maiores barreiras começariam
com os próprios integrantes.
Sua primeira ação foi pedir que cada um escrevesse
num pedaço de papel, sem nenhuma identificação,
se concordavam ou não com o que iriam realizar. Bastava
colocar sim ou não, s ou n.
O resultado, segundo MadaLena, foi espantoso. Das onze pessoas
que ali estavam, sete não concordavam. Pelo olhar
do Diretor, somente ele e mais três participantes
da comissão estavam iniciando um processo no qual
acreditavam.
MadaLena, após rasgar todos os papéis, levantou-se
e com seu característico olhar de desagrado, falou:
Sr. Diretor,permita-me dizer
que esta Comissão, pelo que o Sr. acabou de verificar,
tem uma grande qualidade que é a honestidade de seus
participantes e a autenticidade de deixar claro que estamos
iniciando, diga-se de passagem, mais uma vez, um trabalho
cujo resultado não terá nenhum resultado prático
para a nossa Organização.
Sei que não é usual pedir demissão
do cargo de Coordenadora logo após ser nomeada por
unanimidade, portanto... não irei faze-lo, mas quero
ter a opção de sair se não conseguir
convencer cada um dos outros participantes a entrar num
processo não de avaliação de desempenho,
mas de avaliação de resultados.
Fui convocada para esta Comissão, sei muito bem,
pelos resultados que minha equipe vem conseguindo ano após
ano. E o sistema que uso é muito simples.
Primeiro, deixo claro para todos da minha equipe que eles
estão sendo avaliados. Todos são avaliados,
inclusive eu. Que essa avaliação é
formal segundo os objetivos que traçamos no início
de cada ano e que para atingir os resultados esperados,
será necessário um empenho individual e trabalho
de equipe.
Depois utilizo o Sistema “Cli” de avaliação
de desempenho.
O sistema “Cli” consiste em avaliar cada servidor
pela sua contribuição no “Clima”
da equipe, na forma com que atende o “Cliente”
Interno e Externo e nas soluções “Criativas”
que consegue para seu trabalho.
As avaliações de resultados são anuais,
mas realizamos reuniões mensais para acompanhar o
desempenho da equipe e de cada integrante.
Antes que alguém pudesse perguntar,
MadaLena continuou com sua explicação:
Não estranhem que dos
três índices eu tenha mencionado dois com “CLI”
e um com “CRI”. Todos eles foram aprovados pelos
integrantes da minha equipe e como não tínhamos
nenhum “CLI” conhecido escolhemos como símbolo
do nosso sistema o personagem Cebolinha: “Cliente,
Clima e Cliatividade”. Valeu o nosso bom humor.
Finalmente proponho que seja adotado o sistema “CLI”
para toda a Organização e que para poder verificar
sua eficácia, todos desta Comissão participem
da próxima reunião de acompanhamento mensal,
que acontecerá na próxima semana.
MadaLena
relatou-me que o silêncio que se fez na sala era assustador.
Deve ter durado uns cinco minutos. Logo o Diretor, alegando
um compromisso importante, solicitou que uma nova reunião
fosse marcada em uma semana, de forma que cada um pudesse
refletir sobre a sua continuidade na Comissão e que
estava registrada a sugestão.
Três
dias depois, uma segunda feira, a Comissão foi desfeita
pelo Diretor.
MadaLena
nunca mais foi chamada para participar de qualquer tipo
de Comissão. Ela jamais recebeu qualquer comentário
dos colegas sobre seu sistema. Três novas tentativas
foram feitas para implantar um sistema de avaliação
desempenho na Organização e não deram
o resultado esperado. Ela é obrigada a usar o processo
oficial - o do momento - mas está até hoje
aplicando seu sistema “CLI” com bom humor e
sucesso.
Armando
Ribeiro |