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Otimismo ou Pessimismo? |
Tem
uma antiga anedota que conta à história de
dois irmãos, duas crianças, um extremamente
otimista e outro exageradamente pessimista. Viviam brigando.
Tinham comportamentos estranhos. Onde um via coisas belas
outro só via coisas ruins.
Os
pais muito preocupados com as atitudes extremadas resolveram
agir de uma forma incomum. No Natal compraram presentes
diferentes e provocativos para seus filhos na esperança
que ao abri-los, começassem a mudar suas visões
sobre o mundo, a vida e as coisas.
Ao
pessimista deram uma bicicleta nova, último modelo,
com tudo que uma criança gostaria. Ao abrir o pacote
o pessimista exclamou: Que droga, uma bicicleta, já
estou vendo a minha situação, vou cair, arranhar
minhas pernas, quebrar os braços - oh vida ruim,
vou parar num hospital, com aquelas enfermeiras chatas,
todo mundo vai gastar dinheiro com médico, com remédios
e posso até morrer e deixar todo mundo triste. Oh
vida maldita!
Ao
otimista presentearam com uma lata de esterco de cavalo.
O otimista ao abri-la arregalou os olhos e em intensa alegria
exclamou: Oba! Maravilha! Ganhei um cavalo, onde ele está?
E saiu a procura do eqüino.
O
pessimista nunca andou de bicicleta e o otimista deve estar
procurando o cavalo até hoje.
A
piada, embora um pouco antiga, ajudou-me a refletir sobre
essa dualidade tão salutar de otimismo e pessimismo.
Ambos convivem dentro de nós e duvido que alguém
por mais otimista que seja não tenha seus momentos
de pessimismo e vice-versa.
O
pessimista tem uma tendência de jogar nas costas dos
outros, das situações, dos fatos o destino
de sua vida. Os pessimistas julgam-se o efeito das coisas
e não as causas. Julgam que o destino, na maioria
das vezes, depende das ações dos terceiros,
enxergam pelos olhos da amargura e da feiúra que
sempre existem, existiram e existirão. Buscam fora
de si uma alternativa para melhorar ou piorar ainda mais
sua vida. Posso dizer com certeza que para os pessimistas
nunca haverá o fundo do poço, sempre tem um
jeito de ser pior.
Por
outro lado o otimista vê com outros olhos, olhos do
exageradamente belo, olhos de quem pensa que as coisas irão
acontecer por mágica. É bem verdade que buscam
dentro de si as razões para viver e são, na
maioria das vezes, a causa e não o efeito das coisas.
Entretanto ficam a esperar que algo grandioso e belo aconteça.
Parece ser mais agradável conviver com otimistas
do que com pessimistas. Chega um dia que cansa!
Aos
olhos de um pessimista tudo pode piorar ainda mais. O otimista
tem uma tendência de enxergar beleza onde os outros
jamais conseguirão ver nada e procura tirar aprendizados
das piores situações... O pessimista sempre
vê algo mais terrível do que está acontecendo
e jamais aprenderá algo novo, pois o novo pode ser
ainda pior. A tendência é de um otimista é
a de tentar construir relações saudáveis,
visões de mundo, novas parcerias, novos empreendimentos.
O pessimista procura necessariamente as relações
doentias, os dilemas de destruição, carrega
as suas cruzes e as dos outros, destrói ao invés
de construir.
Ambos
escorregam nas tentativas. O pessimista pelo excesso de
coisas ruins e o otimista pelo exagerado das visões
de beleza.
A
maioria das pessoas que fizeram algo pelo desenvolvimento
da humanidade não são e nem foram otimistas
e nem pessimistas. Foram realistas. Os maiores filósofos
do mundo, na sua esmagadora maioria, trouxeram nos seus
ensinamentos otimismo, positivismo e renascença baseados
numa realidade. Há uma grandiosa exceção
a esta regra: NIETZSCHE.
Talvez
seja aqui o momento de tão longo discurso perguntar
será o empreendedor é um otimista ou um pessimista.
Na verdade penso que é um realista. Enxerga o que
é e não o que parece. Baseia suas idéias
em fatos. Vê o belo onde ele realmente existe e evita
as situações ruins, sem negar sua existência.
Constrói uma missão, um ponto de vista, sobre
uma base real e não nos achometros de que fulano
ou sicrano vive bem ou mal. Cada um vive o que quer, escolhe
assim ou assado, é 100% responsável pelos
seus atos e pela sua vida. Somos causa e não efeito.
Não há dúvidas que muitas coisas estão
ruins no momento, mas sempre estarão para aqueles
que na sua ânsia arrogante de vencer debates são
capazes de indicar até a pobreza e a mesquinharia
de seus próprios pensamentos. O imperfeito existe
e sempre existirá, nunca seremos perfeitos, mas aos
olhos do coração poderemos ser belos, apenas
belos, simplesmente belos. E a partir desses momentos de
enxergar o belo que lá existe traçarmos um
novo rumo para a humanidade, para nós mesmos,
sendo apenas egoístas, e não egocêntricos.
Verdade
é que o otimista é um egoísta, quer
ser feliz a todo custo. Sendo feliz ensina e pode virar
modelo. Verdade é que o pessimista é um egocêntrico,
quer ver a sua desgraça se espalhar para todos. O
otimista pode ser um grande amigo, às vezes chato,
mas sempre um amigo. O pessimista nunca terá amigos,
somente colegas (de infortúnio). Será um irremediável
chato. Os mais inteligentes serão implacáveis
inimigos.
O
realista está construindo um mundo melhor.
Na
nossa anedota inicial, podemos colocar um primo daqueles
irmãos, que num ato de empreendedor, pega a bicicleta
e sai pela rua feliz da vida, divertindo-se. Planta uma
muda de arvore e coloca o esterco de cavalo para aduba-la.
No futuro aquela muda recém-plantada se tornará
uma frondosa árvore.
Espero
que com essa minha reflexão todos nós possamos
parar e refletir o que estamos fazendo, o que poderemos
fazer, o que é necessário fazer? São
tantas as coisas ruins que vejo que às vezes sinto
uma vontade danada de largar tudo. Correr até os
braços da morte.
Logo
passa. Aí eu vejo um sorriso de uma criança,
um beijo de um casal
enamorado, um aperto de mão, dois velhinhos abraçados
passeando, um gari assoviando enquanto varre o chão
e desisto, continuo persistindo. Vem aquela vontade danada
e eu grito: QUERO MAIS É SER FELIZ.
Armando
Ribeiro
armando@pensareweb.com.br
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