Dedicado
aos meus amigos Cida, Inês e Ivan
Dias
atrás tive a oportunidade de assistir novamente o
filme do diretor Pedro Almodóvar: ATA-ME. A história
gira em torno de um jovem órfão, que sai de
uma clínica para doentes mentais (Antonio Banderas).
Apaixonado por uma atriz pornô (Victoria Abril), resolve
seqüestra-la e mostrar a grandeza de seu amor. Seu
objetivo: constituir uma família e ter filhos. Sua
estratégia é simples. Prende a atriz com cordas
e mordaça até que ela venha a se apaixonar
por ele. Após diversas peripécias, no final
da história a atriz apaixonada, para mostrar seu
amor, diz a Banderas: ATA-ME.
A
história vai além da existência do prazer
e da dor. Há algo mais nessa relação.
Algo que vai se construindo através das formas como
eles se comunicam, da incapacidade de fugir, dos estereótipos
criados pela sociedade e pela suposta ausência de
perspectivas concretas.
Não
é muito diferente nas relações profissionais.
Pessoas e organizações estão muitas
vezes, “atadas” por conceitos, paradigmas e
pré-conceitos, que se transformam de ódio
em amor, de dor em prazer e vice – versa. Ficam à
mercê de situações contraditórias
e mesmo livres das amarras ainda agem como se estivessem
presos.
Uma
vez desatados os nós, muitos não sabem o que
fazer por estarem acostumados a situações
que passaram a ser consideradas normais, mesmo que não
prazerosas. A origem muitas vezes desses comportamentos
e atitudes está perdida no tempo. A frase mais comum:
“sempre foi assim”, por que corrermos o risco
de mudar!
Não
sei quem foi o autor da frase, “A pior prisão
é a da nossa alma”. Nesse ponto, muitos de
nós ao realizarmos previsões colocamos algo
tão ruim, com a finalidade apenas de consolidar e
justificar a situação a que já estamos
acostumados. Dos males o menor!
Luiz
Marins, consultor, escreveu que: ”Terá medo
de 2006 o profissional que não compreender que não
haverá lugar para os mais-ou-menos, para os poucos
comprometidos com a sua empresa e com o seu emprego. Que
não haverá lugar para quem não fizer
um grande esforço de aperfeiçoamento pessoal
e profissional”.
Acrescento
a essa previsão: vontade e a garra de desatar os
nós e de perceber que muitos já estão
desatados. É preciso agir com ousadia. Em 2006 e
nos demais anos que virão. Não aceitar as
amarras e ainda que elas existam continuar sempre lutando
para eliminá-las.
Muito
do que fazemos não são regras escritas em
lugar nenhum, apenas repetimos sem reflexão.
As ações que iniciam mudanças podem
ser simples e não necessitam de muitas elucubrações
teóricas; assim:
-
Depois de receber um orçamento de um fornecedor,
mesmo que não seja aprovado, comunique a ele de forma
objetiva, assertiva e educada as razões da não
escolha. Você estará contribuindo para o desenvolvimento
do mercado, do fornecedor e, de quebra, apreendendo novas
maneiras de se comunicar e aprimorar seus relacionamentos.
-
Elogie os bons trabalhos dos outros colegas. Ao elogiar
seja específico e não genérico. Você
estará aumentando a capacidade de aprendizagem do
outro e estará olhando o mundo de outra maneira.
Perceba que ao fomentar a auto-estima dos outros estará
colaborando com a sua.
-
Aprenda a dar e receber feedback. Perceba outras coisas
que estão acontecendo à sua volta. Veja que
existem outros sinais além daqueles que você
pensa que são únicos.
-
Trate as pessoas com consideração e respeito
independentemente do grau hierárquico na organização
e da cultura que você julga que os outros tenham.
- Estude, procure novas maneiras de fazer o que faz. Faça
analises comparativas e mostre aos outros os resultados
Aprenda a compartilhar.
-
Participe de grupos de encontros de profissionais e empresas
de sua área de atuação e também
de organismos de ajuda aqueles que quase nada tem. Exercite
sua cidadania.
-
Não se conforme com as coisas por que alguém
disse que elas têm que ser daquele jeito ou por que
sempre foram assim. Use sua criatividade. Se acha que não
tem vá busca-la.
-
Abandone definitivamente o mais-ou-menos. Faça e
aconteça. Erre e recomece. Faça sempre mais.
- Leia mais, mas com critérios. Selecione bem suas
leituras para não perder tempo. Aproveite para ler
algo que descanse sua mente.
- Comprometa-se com o que está fazendo e com as pessoas.
Estude sobre o que é comprometimento e aja.
-
Preserve e comprometa-se com a honestidade. Exija honestidade
e seja honesto.
-
Participe mais da vida familiar, das associações,
dos condomínios. Aprimore sua capacidade de trabalhar
e decidir em equipe. A comunidade precisa mais de suas ações
do que das reclamações.
-
Não espere que os outros façam aquilo que
só você pode fazer. Faça-o já.
Não adie decisões importantes.
Não
é um bom negócio ficar atado, amarrado. Também
não o é, amarrar e atar pessoas. E por essas
e tantas outras razões, algumas delas que estão
em nós mesmos, na realidade de nossa vida, lute e
peça: DESATA-ME.
Pensar faz muito bem, agir para mudar é melhor ainda.
Armando
Ribeiro |