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Transformando Sonho em Realidade |
Antes
de escrever sobre sonhos e realidades, algumas das minhas
preocupações precisam ficar muito claras.
Não tenho a intenção de abordar o tema
como um receituário de auto-ajuda. Não tenho
essa pretensão. Uma outra preocupação
é esclarecer ao leitor que o artigo é uma
coletânea de leituras de vários livros e artigos,
frases soltas, informações que fui coletando
ao longo dos anos e principalmente a observação
dos fatos e realizações de minha vida e de
algumas pessoas que conheço. Portanto é muito
mais um bate-papo com a intenção de provocar
reflexões e favorecer o debate.
Falar sobre sonhos é principalmente mexer com a emoção
e o inconsciente das pessoas. É procurar em cada
um de nós aquilo que parece e precisa nos dar um
motivo maior para viver. Sonhos são uma seqüência
de fatos psíquicos, na maioria das vezes desconectados
da consciência e realidade. Sonhar é um ato
inconsciente. Assim é possível afirmar que
sempre sonhamos. Queiramos ou não, todos nós,
indistintamente temos aquelas sensações, nem
sempre prazerosas, de sentir algo que não temos explicação
real, objetiva e concreta. Vamos falar sobre o sonhar acordado.
Estar passeando num barco em alto mar, de mãos dadas
com a pessoa amada e sentindo a leve brisa que vem do oceano
Pacífico. Este é o sonho de Carlos um executivo
bem sucedido. Notem que ele está recheado de emoções
e sentimentos. Chegar na minha casa, ligar a minha televisão
e descansar. Este é o sonho de uma empregada doméstica,
Lúcia. Outra vez, o sonho está recheado de
sensações de prazer e de sentir-se bem. É
possível afirmar que o sonho que temos é fruto
de algo que temos que conquistar, que queremos ter, que
precisamos sentir para atingirmos a felicidade.
E porque tantas pessoas conseguem realizar seus sonhos e
outras tantas não? Os sonhos são grandes demais
para as pessoas, transformam-se em devaneios e, em alguns
casos mais graves, em delírios? O que acontece quando
sonhamos de olhos abertos e na maioria das vezes ficamos
frustrados por não realiza-los? Qual é o segredo
da transformação em realidade?
Carlos, que tem um respeitável salário como
um funcionário de uma multinacional, não conseguiu
realizar o seu sonho, já aquele empregada doméstica
que recebia um salário mínimo por mês
está hoje morando na sua casa própria e agora
sonha com um quitinete na praia. Qual é a diferença
entre os dois? Quem é que realizou o CICLO DA REALIZAÇÃO?
A resposta parece obvia? Enquanto Carlos ficou só
no sonho, apesar da melhor condição financeira,
não realizou nada de concreto para transformá-lo
em realidade. Já a empregada, passou a destinar durante
cinco longos anos uma pequena economia para comprar um terreno
no subúrbio de São Paulo. Muitas vezes deixou
de lado alguma coisa que desejava ou precisava para economizar.
Depois foram mais dois anos de economia mensal para comprar
o material de construção. Muitos churrascos
depois, onde todos os parentes e amigos eram convidados,
cada um levando sua carne e cerveja, Lúcia em regime
de mutirão construiu sua casa que foi aberta com
uma grande festa, onde não faltaram coxinhas e brigadeiros.
O que fez a Lúcia? A partir do sonho determinou objetivos
claros e concretos para tornar realidade. Este é
o primeiro passo – construir OBJETIVOS. Objetivos
são situações concretas e reais que
podem ser atingidas. Em outras palavras OBJETIVOS são
aspectos reais que as pessoas deverão realizar para
conseguir concretizar seus sonhos. Lúcia escreveu
seu primeiro objetivo: COMPRAR UM TERRENO. Observemos que
existem na elaboração do objetivo um verbo
que determina uma ação. Não é
um verbo de sentimentos ou de emoções. Os
verbos de ação trazem o sonho para o real,
para o verdadeiro. PESQUISAR LOCAL E PREÇOS DOS TERENOS
foi seu segundo objetivo.
ALGUNS VERBOS QUE AJUDAM NA DEFINIÇÃO DE OBJETIVOS:
Desenvolver, construir, adquirir, elaborar, investir, estudar,
dimensionar, alcançar, comprar, realizar, atender,
pesquisar, conseguir, reformar.
Um lembrete para uma situação importante na
hora de definir objetivos: Temos que pensar com seriedade
nas condições que podem nos ajudar a alcançar
os objetivos: chamamos de fatores de sucesso – aquilo
que designamos de nossos pontos fortes. Por outro lado temos
algumas condições que dificultam o atingimento:
chamamos de fatores limitadores – são os nossos
pontos fracos. Um exemplo que pode esclarecer: Imagine alguém
que sonhe com a riqueza material, mas tenha muito medo de
ser seqüestrada por bandidos que queiram roubar-lhe
os tesouros. Os fatores limitadores poderão ser tão
potentes que jamais conseguirá realizar seu sonho.
É preciso fortalecer seus fatores de sucesso e eliminar
ou minimizar os limitadores.
Mas isso só não bastou, Lúcia precisou
verificar a sua realidade financeira, quanto dispunha para
pagar o terreno, de quanto tempo iria precisar para atingir
seus objetivos e de que maneira poderia atingi-los. Agora
ela definiu METAS. Pequenos pedaços do objetivo maior
que determinam uma barreira, um tempo e um espaço
no qual todo ou parte do objetivo seria atingido. META –
Poupar R$ 50,00 por mês pelo prazo de cinco anos para
pagar o terreno. META – Poupar R$ 20,00 por mês
para comprar o material de construção. E,
assim, meta após meta. Ela foi desenhando em pequenas
partes como atingir os seus objetivos.
METAS
São valores definidos dos objetivos a serem alcançados
ao longo de um determinado tempo.
Ação era só o que ela precisava fazer,
mas a medida que cada ação determinada pelas
metas era realizada, Lúcia verificava o que estava
acontecendo, como ela estava cumprindo as metas, e principalmente
se na previsão final os seus objetivos iriam ser
atingidos. Ela usou sem saber princípios de planejamento
e revisou cada passo de suas metas, muitas vezes redefiniu
METAS e OBJETIVOS, e finalmente completou usando toda a
sua flexibilidade o CICLO DA REALIZAÇÃO. Ela
tornou-se uma realizadora. E agora sonha com seu apartamento
na Praia Grande onde pretende passar as férias com
seus filhos e marido.
O esquema abaixo pretende demonstrar como Lúcia fechou
o seu CICLO DE REALIZAÇÃO. Saindo de um sonho,
construindo objetivos e metas e agindo, para finalmente
tornar real seu sonho. “Chegar na minha casa, ligar
a minha televisão...”.
CICLO DA REALIZAÇÃO
Quem
pretende realizar um sonho, independente de sua grandiosidade,
poderá seguir o CICLO DA REALIZAÇÃO
e terá chances reais de concretizá-lo.
Muitas
vezes comprometemos nosso entendimento do que venha a ser
pessoas realizadoras. Achamos que temos que ser Ayrtons
Senna, Thomas Edison, Leonardos da Vinci, e tantos outros
grandes nomes. Empenhamos nossa energia em reclamar da falta
de oportunidades de realizar nossos sonhos, ao invés
de pensarmos em objetivá-los. Cabe aqui uma outra
história. Uma colega de trabalho vivia reclamando
que seu marido, um médico, tinha. Seu sonho era viajar
em um barco, um veleiro. Durante anos, viveu sonhando com
o barco. Num belo dia, recebeu uma herança de família
e saiu correndo para comprar o veleiro. Começaram
aí os primeiros problemas de ordem prática
e burocrática, sem poder contratar um capitão
ou um mestre arrais, ele precisou fazer cursos e navegar
em águas calmas até adquirir experiência
para navegar em alto mar. Chegara o grande dia da primeira
viagem de Paranaguá a Salvador. Já em alto
mar nosso comandante enjoou. Um enjôo tão forte
que teve que pedir ajuda para rebocá-lo ao porto
mais próximo. Passado o susto, resolveu continuar
viagem e em alto mar enjoou novamente. Conclusão:
o marido de minha amiga descobriu que não tinha talento,
nem estômago para viagens em alto mar e vendeu o veleiro.
Ele acabara de descobrir o Círculo da Frustração,
que ocorre quando saímos direto do sonho ( inconsciente)
para a ação (consciente). Não se preparou
e não reconstruiu o sonho. Acredito, e hoje ele também,
que se tivesse construído OBJETIVOS E METAS claras
e factíveis, provavelmente não teria comprado
o veleiro e teria depositado toda a sua energia em outro
sonho.
Sonhar
é viver, mas viver não é sonhar. Um
empreendedor deve construir seu sonho, persegui-lo, avalia-lo
a cada instante. Não deve ficar no plano do inconsciente,
lamentando o quanto seria bom se fosse verdade. Deve incluir
em suas ações diárias formas novas
de testar objetivos e confrontá-los com os sonhos.
Não deve construir objetivos amplos de difícil
execução e entendimento. Deve saber definir
metas factíveis e ter a humildade de reve-las demonstrando
flexibilidade. Não deve ao primeiro contratempo creditar
a sua desventura ou fracasso parcial a impossibilidade de
realização ou culpar os outros. Deve agir,
cumprir o que foi determinado nas metas e estar sempre avaliando
se suas ações efetivamente levarão
ao atingimento das etapas definidas. Não deve ficar
esperando que os outros façam por ele.
Uma
outra referência muito importante é a de compartilhar
sonhos. Cada um tem um sonho diferente, com cores, formas
e conteúdos diversos, mas existem pontos onde eles
podem ser compartilhados. O sentir, a emoção
será diferente, mas cada um pode construir um sonho
maior que possa ser compartilhado com outros indivíduos.
Ao empreendedor cabe descobrir, também, o que espera
seus clientes, que sonhos eles tem, como vão estar
se sentindo. Ao empreendedor cabe, construir junto com seus
colaboradores um sonho que possa ser vivido por todos, embora
os sentimentos e emoções sejam diferentes.
Sonhar é um ato individual. Compartilhar sonhos e
idéias e um ato de desenvolvimento do ser humano.
Este
é o CICLO DO DESENVOLVIMENTO onde o CICLO DA REALIZAÇÃO
de cada indivíduo se inter-relaciona com os de outros
indivíduos.
Transformar sonhos em realidade é pensar no seu tesouro
particular. É pegar o que demais valioso temos e
envolve-los com a energia dos sentimentos e emoção.
Transformar sonhos em realidade é um tesouro particular
que pode ser dividido e compartilhado com outros para que
haja desenvolvimento de um grupo de seres humanos.
Armando
Ribeiro |