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Ser ou não ser: eis a (minha) questão... |
Há
alguns dias, estava navegando por essa imensidão
que é a internet e me deparei com uma notícia
interessante. A manchete dizia: Madonna diz que não
é uma boa mãe.
Pode
parecer bobagem, mas fiquei pensando sobre isso. A entrevista
com a pop star sugeria que ela, apesar de conseguir conciliar
sua carreira como profissional e sua carreira como mãe,
não se julgava boa o suficiente, nem em um papel
nem em outro.
E
mais, ela afirmava gostar de viver tanto uma vida quanto
a outra.
Alegava
ainda, que, como mãe, sentia falta da energia e do
prazer de seu trabalho, mas como superstar, em cima dos
palcos e viajando pelo mundo, sentia falta da convivência
com seus filhos e um sentimento de culpa por não
participar full-time do crescimento das crianças.
A
partir daí, fiz uma avaliação da situação
pela qual várias mães-profissionais passam
e me detive nessa grande dicotomia.
É
necessário escolher entre uma coisa e outra? Por
que ainda com 34 anos não me decidi sobre ter filhos?
E como profissional, por que minha própria consciência
me cobra mais empenho, mais dedicação, mais
vigor e mais disciplina?O que fazer?
Bem,
nós as mulheres sabemos perfeitamente como somos
cobradas em quaisquer papéis que venhamos a desempenhar.
Somos “penetras” em um mundo de negócios
que cresceu “masculinizado”.
Foram
necessárias grandes doses de competência e
ânimo para que as portas se abrissem para nós.
De donas de casa, passamos a liderar equipes multidisciplinares,
compostas por homens que, por imposição da
sociedade, deveriam fazer esse papel. A luta foi intensa
e ainda é.
Mostrar
nossas competências e valores, fazer valer nossa opinião
e nossa intuição, mostrar nossa sensibilidade
e inteligência foi doloroso e desafiador.
Mas
enfim, aqui estamos nós: empresárias, técnicas,
assistentes, analistas, consultoras, modelos, secretárias,
doutoras, professoras e mais ainda, mães.
E é
nesse universo que Madonnas, Marias, Vivianes, Joanas e
Cleusas se encontram. Na
dificuldade de redesenhar o modelo que nos foi incutido:
boa mãe. Bem,
o que quero dizer na verdade, é que uma boa mãe
hoje me parece ser aquela que zela pela educação
e pelo cuidado com seus rebentos.
Mas
como? Como desempenhar esse papel tão decisivo na
formação de um ser humano sendo uma profissional
que precisa viajar, participar de reuniões exaustivas,
emitir relatórios ou cuidar de pacientes?
Alguns
podem me dizer: “Ah! Mas as crianças de hoje
mudaram, são mais independentes e melhores preparadas...”
Sim,
concordo com isso, mas mesmo assim, esse papel de “boa
mãe” nos persegue. Portanto qual é o
segredo para administrarmos bem esses papéis que
exigem tanto de nós?
Devo
lembrar que ser bom é mais do que o suficiente. Veja:
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Desempenhar seu papel profissional dentro da organização
com prazer, com dedicação e competência
é muito bom.
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Desempenhar seu papel de mãe, cultivando a harmonia
com seus filhos, escutando-os em casa, acompanhando seu
desenvolvimento diário (mesmo que pelo celular),
comparecendo às reuniões da escola (mesmo
que virtuais), contando histórias à noite
para que eles durmam (mesmo com aquele sono que não
nos larga), transmitindo amor a eles com beijos e afagos
diários deve ser muuuiiitttooo bom.
Não
tenho a receita miraculosa do modus operandi correto. O
que sei é que ser “bom” significa no
Aurélio: “Que alcançou alto grau de
proficiência; eficiente, competente, hábil”.
Então,
Madonna, fique tranqüila, se você age assim,
já está BOM demais.
Cintia
de Menezes
cmzes@yahoo.com.br
Administradora em Recursos Humanos
Fundação ITESP |